terça-feira, 24 de janeiro de 2012

avô!

Parabéns muito atrasados Avô.
Liguei para Almeirim mas atendeu-me um gravador a dizer que o número já não está disponível. Se calhar mudaste de operadora e não me disseste nada. Deves te ter esquecido. Fui ao quarto da mãe, onde passavas a maior parte do tempo mas tu não estavas. Só estava lá a mãe sozinha com um riso tonto. Decidi procurar na sala, mas não estavas...tentei outras divisões, nem sinal de ti.
Naquele momento apeteceu-me sentar na berma do passeio da tua casa, à espera que me abrisses a porta e eu saltava para o teu colo e tu dizias "Olá menina dos meus olhos!", tinha eu nessa altura uns 7/8 anos, nunca mais me esqueci dessas palavras.
Voltei a ligar-te mas o gravador com mesmo ritmo repetiu as mesmas palavras.
Com quem festejas-te os teus anos avô? Já são 84. Quem acendeu as tuas velas? Acredito que tenhas tido um bolo cheio de velas. Espero que aí, nesse teu pedaço de céu, estejas com alguém que te ame tanto como eu. A vontade de ir a Almeirim aparece de novo, agora vejo-me sentada nos pés da tua cama, enquanto tu comes amêndoas e a mãe diz que és um coelhinho, lágrimas rolam-me no rosto.
Agora sinto mais saudades que nunca, nunca as senti com tanta grandeza.
Lembraste daquela vez que me perdi. avô? "Não largues a mão do avô, nunca!" .
Infelizmente larguei, deixei de sentir o teu calor na minha mão para ficar a olhar para a senhora que fazia algodão doce. As pessoas só andavam aos encontrões, e afastaram-me de ti. Passaram alguns minutos até que voltei a mim, senti-me então perdida. Fiquei no mesmo lugar, como a mãe me ensinava, tive medo, muito medo. Medo que te estivesses esquecido de mim. Chorei. E pensei como era burra te ter largado a mão. Só pensava se irias voltar, se te tinhas esquecido da "menina dos meus olhos". Aqueles minutos ali sozinhas pareceram me horas, tinha frio, vesti o casaco para não me ralhares mais. Mas voltaste para trás, e os teus olhos e o teu sorriso estavam mais brilhastes que nunca, e não me ralhaste avô, só disseste "Não largues a mão do avô nunca!". E voltamos para casa, Tu, eu os pais e as manas. E o meu algodão doce. Já nem sei dizer quanto te amo...Acho que te amo quanto tanto medo e quantas saudades tenho. Nunca mereci aquele algodão doce!
 Beijinhos da "menina dos teus olhos!"










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